A pós-graduação da infelicidade... (insomnia - Schlaflosigkeit - insomnio)

O nosso processo atual de vida nos obriga a tomar determinadas posições muito precocemente. É incrível que um jovem, com mais ou menos, 17 anos tenha que definir sua profissão, sua carreira.

É por isso que nos encontramos com profissionais tão ruins nos atendendo em vários setores da nossa sociedade. A culpa não é deles. A falha aconteceu no recrutamento, possivelmente por um profissional que também não saiba o porquê da sua escolha em estar ali.

Escolha prematura é terrível e acontece no campo afetivo também. Atualmente menos, mas ainda existe uma pressão pelo casamento precoce na nossa sociedade. Em alguns casos essa pressão é interna.

Quando se escolhe o parceiro(a) para uma união afetiva, na maioria das vezes, ainda não se tem a maturidade necessária para uma avaliação pormenorizada desse ato. A maturação vai se dando suavemente através do tempo, e quando percebemos, estamos nos perguntando... “Quem é essa pessoa que convivo há X anos?” Em alguns casos, tristes casos, achamos uma resposta infeliz.

Acontece que não somos os únicos culpados pelas escolhas erradas que fizemos na nossa idade mais tenra. Nessa idade ainda não sabemos como lidar com as pressões culturais, religiosas, familiares e internas. O jovem é um vulcão de sonhos e de fantasias, é muita energia com pouca experiência de vida. Até aí, tudo bem, somos quase vítimas.

O que não se pode entender é um indivíduo maduro, experiente, consciente das falhas cometidas no passado mantendo-se na infeliz caminhada que iniciou. Esse comportamento é comumente confundido com depressão. Na clínica diária percebe-se um número enorme de pessoas procurando tratamento para depressão, quando na realidade, estão precisando parar a pós-graduação na infelicidade.

Chega uma hora em que precisamos trocar de profissão, cargo, ou até mesmo, o parceiro(a) de caminhada, caso queiramos ser felizes. Não dá para ser inteiro teimando em algo que não existe mais. Para nos sentirmos bem, precisamos atuar a favor do nosso bem maior, a felicidade. Não existe salário que compense a má escolha profissional, assim como, o preço do imóvel não vale a desarmonia da união incorreta.

O indivíduo percebe que está na profissão que não o faz feliz e, mesmo assim, faz pós-graduação, mestrado, doutorado. Percebe que não se uniu a pessoa mais indicada para o seu caminhar e, mesmo assim, acumula filhos e programa uma linda festa de bodas.

Contudo, não faço uma crítica, mas um alerta explicitado pela longa vivência na relação “Curador x Curado”. Sei que para os que a coragem de ser feliz ainda é injustificada, tudo isso parece sem solução, mas é bom saber que o final desse caminho é muito triste. A solidão e a doença serão os únicos que permanecerão ao seu lado, mesmo que pós-graduado. São as bodas do casal “rivotril x fluoxetina”.

A revista SUPER INTERRESATNTE tem uma matéria sobre o tema, com estatísticas impressionantes. Vide: http://super.abril.com.br/saude/nacao-rivotril-587755.shtml