sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Acorda Alice... (oppression - depression - concurso)


Existe uma distância muito grande entre o real e o imaginário, isso é uma verdade comum. Acontece que essa verdade está aparecendo, sendo aplicada, onde menos esperávamos, ou seja, no campo profissional.

Não raramente me encontro com pessoas em alto sofrimento físico e emocional, porque não conseguem exercer suas almas. Elas se esforçaram ao máximo para chegarem ao nível acadêmico exigido por determinadas instituições, abrem mão de tantas alegrias e felicidades, sempre aguardando o grande momento da nomeação para o cargo. Atenção “concurseiros”!

São muitos anos de luta, abnegação, para conseguirem passar nos concursos, e depois de realizarem seus saltos quânticos se vêem onde desejaram e fizeram muito para estar, se deparam com a “realidade real da realeza”. Essa realidade não é em nada, nem de longe, parecida com o que pensavam ser. É como se chegassem de um sonho e suas camas estivessem alojadas na casa do vizinho. Muito mais que um susto.

Ouço relatos do tipo: “Desde garota eu sempre adorei tratar das pessoas, por isso me formei na área da saúde, e me dediquei muito para estar nessa instituição. Amo pessoas. Eu as recebo com o mais fraterno olhar... só que não suporto vê-las sucumbir na minha frente e ser tolhida de agir de maneira idônea.”
Ou ainda: “Eu me formei nessa área porque a justiça é o sentimento condutor da minha vida, mas não dou conta de fazer vista grossa para o que está se passando na minha vida profissional.”

Esses indivíduos estão passando por severo sofrimento por não conseguirem entender que a “realidade real da realeza” não é, em nada, parecida com o sonho, com o imaginário. Assustam-se ao perceber que estão em um meio totalmente diferente do que imaginavam. Desesperam-se ao confirmar que não iram aplicar nada do que passaram anos para aprender como correto. Não conseguem sobreviver, equilibradamente, dentro de um escopo que foge, em muito, ao seu padrão profissional moral.

Comumente conseguem alguns medicamentos para tratar da “depressão” ou “estresse”, como se o que estão sentindo fosse uma doença, talvez por dificuldade em diagnosticar o que é doença, ou também, por ainda não estar claro para alguns como diagnosticar a doença de alguns setores da sociedade.

Tomam esses medicamentos até que consigam sair do cenário e encarnar um título doentio crônico, algo que os fará sair daquele sistema que tanto estavam atrapalhando. Nesse momento, todo o sonho de uma vida vai por água abaixo. Todo o alto salário será gasto com tratamentos, remédios, internações.

Seria bom que os criadores orientassem seus criados, desde jovem, a entenderem como é a vida fora do país de Alice. Não chegaria a destruir todas as ilusões, mas somente aquelas que fortifiquem a alma para enfrentar a “realidade real da realeza”.

Acordar Alice é menos pior que encontrar com o diabético na festa da rapadura.



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