quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Oxigenando o Sono... (insomnia - l'insomnie - unettomuus)


A pressão da vida moderna impõe sobre nós uma série de tensões emocionais que, infalivelmente, transferimos para o nosso corpo físico. A psicossomatização é uma resposta imediata que nosso corpo dá aos estímulos emocionais. Vivendo dentro de padrões automatizados, não permitimos que as emoções sejam trabalhadas antes de serem depositadas no nosso corpo físico.

Essas emoções provocam contrações musculares que podem durar o dia inteiro. Podemos manter nossos ombros erguidos durante uma longa viagem ou durante um telefonema, tudo depende da tensão emocional que estamos lidando. As tensões emocionais vão acontecendo e nós vamos contraindo grupos musculares de acordo com a área emocional de somatização.

Nas salas de reuniões vemos pessoas com o “ombro em cabide”, termo utilizado para demonstrar como os ombros estão arqueados para cima. Percebe-se, nesse caso, uma defesa natural dos mamíferos em tentar esconder a cabeça quando sente ou imagina que sua vida está sob perigo. Encontrarmos essa “defesa” também quando olhamos as pessoas dirigindo automóveis. Seguram o volante com mais força que o necessário, arqueiam os ombros, tensionam. Os ombros e o tórax são as regiões que mais sofrem essas tensões e cobram por isso.

Após mantermos um longo período de tensão muscular, chegamos em casa e não conseguimos nos relaxar, pois os músculos estão condicionados. Tudo isso seria mais fácil se esse fato fosse imediatamente percebido. Então, depois de darmos o comando mental necessário para o nosso relaxamento, percebemos que nosso corpo não consegue executar essa ordem, e passamos a lidar com sintomas que podem nos preocupar.

Dificuldade para respirar profundamente, puxa o ar, mas parece que ele não vem. Dormência nas mãos ou dedos. Visão um pouco turva. Sonolência. Raciocínio lento. Dificuldade para rotacionar o pescoço e/ou mover os ombros. Aperto na frente do tórax, no meio do peito ou abaixo das clavículas. Dores do tipo “fincadas” na parte posterior do tórax, nas costas, quando se respira profundamente. Suave tonteira ao girar a cabeça, forçando-a para um determinado lado.

Enfim, existe uma serie de sintomas que podem significar algo mais sério, mas quase sempre é somente tensão muscular. Essa tensão não permite que o QI (energia vital) e o XUE (sangue) possam circular livremente pelo corpo, chegando à cabeça e alimentando o cérebro (o mar da medula).

Claro que o ideal para se livrar dessas tensões é submeter-se a uma boa massagem, uma ducha, hidromassagem, alongamentos, exercícios físicos. Bom mesmo seria viver em um ambiente onde essas tensões não fossem geradas. Porém, há uma forma simples e rápida que pode nos ajudar a desfazer dessas travas corporais. É a prática da “Respiração de Samuray”. Essa técnica consiste em fazermos uma série de respirações conforme vou apresentar.

Primeiramente, vamos imaginar que temos 4 pulmões.

·  Um grande pulmão no abdome, o primeiro.
·  Um grande pulmão no tórax, o segundo.
·  Dois pequenos pulmões, o terceiro e o quarto, que ficam sob as clavículas.

O exercício consiste em, após se deitar para dormir, soltar todo o corpo e iniciar uma inspiração lenta e ritmada, preenchendo de ar os pulmões na ordem em que foram apresentados. O primeiro, o segundo e os terceiro e quarto simultaneamente. Assim que eles chegarem ao máximo da capacidade de preenchimento, inicia-se, imediatamente, a liberação do ar na mesma ordem. Inspira pelo nariz e solta o ar pela boca, contudo não poderá gerar tensões musculares. É tão importante preencher bem os pulmões quanto esvaziá-los. O exercício deverá ser feito de forma relaxada e natural, inclusive sem contrair os lábios quando expirar.

O ideal é que essa prática se torne constante e habitual. Aproximadamente, 40 “Respirações de Samuray”, toda noite antes de dormir, vai provocar uma noite de sono de ótima qualidade, pois além de levar mais energia e oxigênio para o cérebro, vai soltar toda a musculatura tensionada. No decorrer do tempo o corpo vai desprogramando o hábito de guardar tensões e a manhã seguinte se torna mais vitalizada, a memória e o raciocínio vão melhorando, os sonhos ficam mais tranqüilos e os sintomas desaparecem. Algumas pessoas dormem antes de completar o exercício, o que não gera nenhum problema, apenas demonstra que o grau de tensão está alto.

È possível também que, nas primeiras noites, não seja possível fazer as 40 respirações completamente, pois o seu corpo ainda não estará habituado com esse exercício. É importante salientar duas situações que podem acontecer até que seu corpo esteja preparado.

A primeira é o cansaço dos músculos responsáveis pela respiração. Por ainda estarem fracos, pode aparecer um pequeno desconforto muscular, como se você estivesse “vestindo seu corpo” pela primeira vez. Esse desconforto não interfere nos resultados e tende a desaparecer em poucos dias.

A segunda é o seu cérebro não estar acostumado com tanto oxigênio. Nesse momento percebe-se uma suave dormência nos lábios e é sinal o exercício deve ser interrompido, voltando a ser praticado na noite seguinte. Além da dormência nos lábios, a hiperventilação pode provocar sintomas de rigidez nos lábios e dedos das mãos, comumente chamado de “mumismo”. Caso isso aconteça, basta reverter a oxigenação trocando o oxigênio por CO2. Leve as mãos ao rosto em forma de concha e inspire o ar que acabou de expirar. Também é momento de interromper o exercício e retomá-lo na noite seguinte.

Se necessário, inicie o exercício com 20 respirações apenas, e vá aumentando gradativamente. Sei que nós ocidentais não gostamos de “coisas” que não custem altos valores e/ou que sejam muito simples, infelizmente, mas, no decorrer dos dias o cérebro, assim como os músculos, vão se tornando mais fortes e você poderá usufruir dos inúmeros benefícios dessa prática que, imagino, nunca mais abandonará.

Nenhum comentário:

Postar um comentário