sexta-feira, 22 de agosto de 2014

É bom lembrar...(memory - mémoire paměť)

Comumente encontramos pessoas reclamando da memória. Na correria dos dias atuais imaginamos que a memória fica desprestigiada e paralisada pelos muitos afazeres que nos submetemos. Felizmente, nossa memória é um dos “bens” mais protegidos que temos. Ela fica bem guardada e é acessada sempre que se faz necessário. Muito raramente vamos encontrar pessoas com verdadeiros problemas de memória.

O que encontramos com maior facilidade é a “falta de concentração”. Esse é o mal do nosso tempo. Estamos desaprendendo a registrar informações por estarmos aprendendo a não focar nossa vida e nossos propósitos. Fazendo muitas coisas ao mesmo tempo e não permanecendo com a mente e o corpo no mesmo local e situação, as informações não são registradas e quando tentamos acessá-las, elas não estão ao nosso alcance. Especialmente com a nova doença manifestada na utilização dos aparelhos manuais de comunicação, dificilmente alguém olha para seu interlocutor enquanto o ouve, pois está respondendo a algum chamado das “redes sociais”.

Algumas dicas práticas são importantes para iniciar um reaprendizado no processo de concentração. Passarei algumas e começo agora com a “Prontidão para ouvir”.

Prontidão para ouvir

“A natureza deu-nos dois ouvidos, dois olhos e uma língua, observa Zenão, velho filósofo grego, para que pudéssemos ouvir e ver mais do que falar”. E um filósofo chinês fez a seguinte colocação: “O bom ouvinte colhe, enquanto aquele que fala semeia”. Seja como for, até a bem pouco tempo dava-se pouca atenção à capacidade de ouvir. A ênfase exagerada dirigida à habilidade de expressão levou a maioria das pessoas a subestimar a importância da capacidade de ouvir, em suas atividades diárias de comunicação.
         Um renomado psicólogo disse que deveríamos olhar para cada pessoa como se a mesma tivesse um cartaz pendurado em redor do pescoço onde se lê: “Quero sentir-me importante”. Ninguém gosta de ser tratado como menos importante. E todos querem ainda que esta importância seja reconhecida, a própria experiência nos ensina que as pessoas, ao serem tratadas como tais sentem-se felizes e procuram realizar e produzir mais. E quem se observa escutado sente-se gratificado.
         Durante cinco anos, o departamento de instrução para adultos das escolas públicas de Minneapolis, ofereceu diversos cursos com o objetivo de melhorar a maneira de falar e um para melhorar a maneira de escutar, de ser um bom ouvinte. Os primeiros estavam sempre cheios, tal era a procura. O segundo não chegou a funcionar por falta de candidatos. Todos desejavam aprender a falar, mas ninguém queria aprender a ouvir.
         O ouvir é algo muito mais complicado do que o processo físico da audição ou de escutar. A audição se dá através do ouvido, enquanto que o ouvir implica num processo intelectual e emocional que integra dados físicos, emocionais e intelectuais na busca de significados e de compreensão. O ouvir eficaz ocorre quando o receptor é capaz de discernir e compreender o significado da mensagem do emissor. O objetivo da comunicação só assim é atingido.
          Levantamento recente indica que, em média, a pessoa emprega 9% do tempo, escrevendo; 16% do tempo, lendo; 30% do tempo, falando e 45% do tempo, escutando. Ouve-se 4 ou 5 vezes mais depressa do que se fala, as pessoas falam provavelmente à razão de 90 a 120 palavras por minuto e ouvem à razão de 450 a 600 palavras por minuto. Quer dizer, há um tempo diferencial entre a velocidade do pensamento para poder pensar, refletir sobre o conteúdo e buscar o seu significado.

         Autores há que oferecem diversos princípios para aprimorar as habilidades essenciais para saber ouvir:

1.     Procure ter um objetivo ao ouvir.
2.     Suspenda qualquer julgamento inicial.
3.     Procure focalizar o interlocutor, resistindo a toda espécie de distrações.
4.     Procure repetir aquilo que o interlocutor está dizendo.
5.     Espere antes de responder.
6.     Procure recolocar com palavras próprias o conteúdo e o sentimento do interlocutor.
7.     Procure atingir os pontos centrais do que houve através das palavras.
8.     Use o tempo diferencial para pensar e responder.

2 comentários:

  1. Sempre vejo anunciados cursos de oratória.Nunca vi anunciado curso de escutatória.Todo mundo quer aprender a falar........
    Ninguém quer aprender a ouvir (Rubens Alves) . Belo retorno,parabéns

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    1. Olá Vicélia! É isso aí. A inversão é geral no mundo novo. Obrigado pelo comentário.

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