terça-feira, 28 de outubro de 2014

Irritabilidade... (irritability - irritabilité - irritabilidad)


Explosões de mau humor, impaciência e intolerância são algumas das manifestações mais comuns em nossa era. Tornou-se óbvio que representações nocivas do humor sejam apresentadas e distribuídas no decorrer do dia e dos relacionamentos, como algo padrão, normal. Quase não nos assustamos mais com o comportamento irritadiço nas relações interpessoais, quer sejam no ambiente doméstico ou profissional. Nas áreas coletivas e comuns, nem se fala.

É verdade que a superação das metas pessoais ainda é difícil para alguns indivíduos. Em determinadas vezes percebemos que a meta estabelecida é maior que a capacidade mental de superação da mesma.

Para ajudar-me na exemplificação quero mencionar metas comerciais. Quando uma empresa estabelece metas a serem cumpridas maiores que seu departamento suporta, essa empresa torna-se seu próprio algoz. Nesse momento inicia-se um grande movimento interno para culpar equipes, qualidade de produtos, concorrentes ou algum indivíduo em particular. Assim como na vida, a empresa, na pessoa do seu proprietário, vem a ser o único responsável por todo o fracasso, haja vista que foi ele quem selecionou, treinou e administrou suas equipes... Ah, foi ele também quem estabeleceu as metas... Não há quem culpar verdadeiramente, senão a nós mesmos, pois somos os únicos proprietários das nossas vidas.

Nas questões individuais, percebo que as pessoas estão estabelecendo metas muito superiores as suas capacidades física, mental e psíquica. Sendo levados pela “grande onda”, as pessoas vão determinando necessidades que nunca foram ou nunca seriam consideradas necessidades caso elas refletissem sobre suas próprias vidas.

Quando alguns indivíduos se deparam com os sintomas das suas limitações eles reagem de maneira agressiva, disforme. Para todos que não refletem só resta iniciar a caça ao culpado, pois alguém terá que ser o culpado da meta não abatida, menos ele mesmo. Essa percepção pode ser chamada de irritabilidade.

A irritabilidade tem muitas causas como o desequilíbrio de algumas substâncias do cérebro, dieta rica em proteína animal, má função energética do fígado, prisão de ventre, má sonorização, iluminação ineficiente ou inadequada, dentre outros vários fatores que serão identificados e corrigidos com ajuda de um profissional da saúde.

Todavia, existe um fator muito comum que vem sendo esquecido, talvez por ser muito comum e as coisas comuns não têm valor para a turma que acompanha a “grande onda”. Refiro-me a falta de conhecimento da lei de causa-efeito. O não conhecimento dessa lei ou a rebelde e infantil atitude de ignorá-la só irá nós levar ao sofrimento mental.

Viver permitindo que o “outro” determine o que lhe falta e o que lhe convém é o melhor caminho para as frustrações e fracassos. Vivendo dessa maneira criamos uma imagem irreal do que somos e do nosso mundo e quando nos deparamos com a realidade ficamos irritados, no mínimo.

As filosofias orientais dizem que ninguém tem capacidade para nos ofender, nos irritar ou nos magoar. Nós é que nos sentimos ofendidos, irritados ou magoados, e isso sempre acontece quando não refletimos antes de determinar nossas metas ou quando as determinamos em patamares distantes da nossa real capacidade.

Podemos também achar que tudo isso é sofisma, porém deveremos preparar o bolso para uma farta quantidade de medicamentos. Afinal, tomar uma pílula é mais fácil que tomar uma decisão.

2 comentários:

  1. Nos dias de hoje confundimos desejos com necessidades. Conformamos pequenas situações em grandes problemas. A futilidade acompanha o capitalismo

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  2. É isso aí caríssimo Douglas. O capitalismo não consegue sobreviver sem sua verve selvagem, mas aqui se compra, aqui se paga. Obrigado pela visita!

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