UM CAMINHO

Nasci em Belo Horizonte, no bairro de Santa Efigênia ao lado do quartel do BG (batalhão de guarda), em março de 1964. Minha primeira mamadeira já tinha sabor de revolução, movimentação, inquietude. Fui ninado ao toque de caixa – Será que é por isso que... bem... deixa pra lá.
Bom lembrar que também nesse ano explodia a querida bossa-nova, tão nova e já marchetada pelos resquícios do Woodstock. Comecei a engatinhar com a Garota de Ipanema e dei meus primeiros passos, ainda desequilibrado, me apoiando em Michelle tentando provar para ela que Can´t Buy Me Love. Eu gostava mesmo era da Martinha, mas tinha ciúmes da sua Gatinha Manhosa.
Depois de entender um pouco mais de mim mesmo, já quase um homem, pois completava 10 anos de idade, voltava das deliciosas aulas do amigo e sensei Akyo Yokoyama, descendo pela Caetés, louco para entender como tantos Cravos caiam em Portugal, e pensava que quando tivesse um filho ele se chamaria OPEP ou Pinochet, ou talvez ambos já que eram os nomes mais falados na televisão. Gente importante.
Passado isso, coloquei minha bata indiana, meus tamancos Schollita e aquela desbotada calça jeans para matricular-me no Colégio Arnaldo. O que eu queria mesmo era fazer parte da tchurma da Carandaí, do Pão-de-queijo, da Timochen... ou qualquer outra que me aceitasse. Rapidamente consegui um crachá para transitar com segurança por todas as esquinas, um nunchaku com volteador (coisa fina...rs), que balançava entre minhas pernas e a pantalona com nesga. Ele me obrigava a acertar o passo quando via um Dodge alvinegro com as insígnias do DOPS... coisa de atleticano, como aqueles gols comemorado pelo Reinaldo com o braço retorcido nas costas. Hoje até faço piadinha... como o tempo muda, né?!
Com tantas mudanças achei melhor guardar minha boina com a estrelinha de Guevara, minha camiseta Hang Tem e praticar os sábios e sutis conselhos do Jararaca e do Ferreirinha (não me refiro a uma dupla sertaneja, nem tinha isso naquele tempo). Era hora de pensar mais sério. Vislumbrando a futura profissão resolvi estudar eletrônica no Cotemig, para entender melhor sobre essa tal de energia.
Pronto. Entendi, mas onde alimentar minha sede sobre a bioenergia, já que em minha cidade não havia escola de MTC (Medicina Tradicional Chinesa)?! Somente em São Paulo pude conviver com mestres desse tema.
Yamamoto, Hirashi, Pai Lin, Ikeda, Peter Kim, Wu, Sohaku, Nogier, Requeña, dentre outros tantos (não por falta de memória, mas pela restrição verbal) que também entraram para a minha galeria de ídolos e amigos. O caloroso e eficaz convívio na EPT (Escola Paulista de Terapias), na ANBATH (Associação Nipo-Brasileira de Acupuntura e Terapias Holísticas), ABAA (Associação Brasileira de Acupuntura Auricular). As conversas com Henrique na fundação do SINTE (Sindicato dos Terapeutas) e do nosso Conselho. As trocas de vivências com Pedrão (Dr. Pedro Bueno), in memorian, inesquecível em nossos corações. A paixão foi tamanha pela matéria que resolvi estudar também sobre acupuntura veterinária e botânica. Paixão é assim, se vingar vira amor.
Em permanente formação, represento a ANBATH no nosso Estado de Minas Gerais, ministrando cursos e orientando os colegas por nós formados. Em minha clínica pratico as técnicas de MTC com os amigos que confiam sua saúde a mim, além da visitação em outros estados. Desenvolvo, paralelamente, um trabalho de consultoria na área empresarial, levando através de cursos e palestras um pouco que aprendi das tradições chinesas para os que procuram se orientar no sábio antagonismo da milenar sabedoria oriental.

Obrigado,

Vladimir Ribeiro.
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