quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Depressão Pós Berço... (depresiune - depression)

 Os exércitos preparam seus soldados para o combate. Como nunca se sabe o que os espera nos campos de batalhas, seus treinadores procuram exercitá-los para a mais rígida “performance” física e emocional. Esse treinamento garante que os soldados estejam o mais próximo possível das provas que se submeterão, aumentando as possibilidades de vitória nos combates.

Os atletas são treinados para atingirem a sua máxima resistência física. Eles sempre são preparados para executar o dobro de tensão que serão expostos, garantindo que, se sua prova é de 5 minutos eles estejam preparados para 10 minutos. Esse intenso treinamento garante que seu corpo pouco sinta o desgaste da prova, uma vez que, está treinado para resistir ao dobro daquela tensão. Esse treinamento garante que o atleta esteja mais próximo da vitória.

Esse raciocínio é aplicado em varias áreas da vida, nas empresas, escolas, academias, centros de treinamento emocional e outros tantos ambientes de competição.

Até algumas décadas passadas esse tipo de raciocínio também imperava nos lares, nas famílias, quando se passava um tipo de criação para os filhos com o objetivo de deixá-los preparados para a “vida lá fora”, ou seja, para quando forem desbravar seus caminhos pessoais.

Existem varias linhas de pensamentos analisando sobre os motivos que fizeram abortar esse estilo de criação e orientação familiar. É nítido o sistema de criação atual onde “as crias” são tratadas e fomentadas para um estilo de vida que não existe na “vida lá fora”.

Os criadores não “treinam” suas crias para a vitória. Permitem que sejam fracos, na maioria das vezes, alimentando ou gerando suas fraquezas. Não ensinam sobre as fundamentais relações de Direito x Deveres, respeito, convivência coletiva, responsabilidade, pontualidade, credulidade e outras tantas características que a escola, os consultórios e as empresas não serão capazes, muito menos, obrigados a ensinar.

A palavra do momento é GESTÃO, é assim mesmo, em cada época aparece uma. BERÇO é um termo que era utilizado, até pouco tempo passado, para traduzir a capacidade de um indivíduo para transitar pela sociedade e constituir-se como digno. Nesse atual momento em que a palavra GESTÃO lota as salas de aulas, penso em criar um curso unindo o velho com o novo. Estive pensando em fundar um curso de GESTÃO EM BERÇO. Só não o fiz ainda porque temo pelo quorum.

Acontece que – voltando às crias – esses indivíduos não estão preparados para a forma real da vida e quando iniciam seu caminho pessoal, emprego, casamento, cargo, função, se desesperam com o que encontram e fracassam. Por não terem sidos preparados para o bom combate da vida, retornam apavorados para seus ninhos e atormentam seus criadores, que incrivelmente não fazem idéia do que está acontecendo. Não querem mais ir ao trabalho, escola. Não se sentem felizes e sim temerosos, entram em pânico, travam. Vêem todos como inimigos e todas as tarefas como humilhantes ou intransponíveis, não percebem que eles próprios é que não estão aptos para esse convívio.

Nesse momento os criadores levam suas crias para psico-consultórios e, felizmente, saem de lá com o diagnóstico de DEPRESSÃO. É a melhor palavra para isentar toda a família e a própria Cria da incapacidade momentânea de ser humano. Esse diagnóstico, confortavelmente, explica tudo e garante que a Cria nunca mais poderá sair do seu ninho. Que podem fazer os doutores em minutos de terapia que não foi feito em anos de criação?!

Propositalmente, permite-se que a verdadeira doença – DEPRESSÂO – seja confundida com a falta de BERÇO. Percebo no cotidiano a quantidade de “deprimidos” que trocaram o Berço por bulas, e me assusto ao ver que algumas crias têm 28 anos, outras 52, mas são todas crias que não fizeram aquele curso de GESTÂO EM BERÇO.

Acredito que, quando os criadores assumirem a divina e justa responsabilidade por suas Crias, o trânsito ficará melhor, assim como as empresas, as escolas, e os psico-consultórios passarão a tratar de verdadeiras doenças. Vejo também que as bulas serão dedicadas aos criadores. “Dormientibus non sucurrit jus”.

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