Comumente
encontramos pessoas reclamando da memória. Na correria dos dias atuais
imaginamos que a memória fica desprestigiada e paralisada pelos muitos afazeres
que nos submetemos. Felizmente, nossa memória é um dos “bens” mais protegidos
que temos. Ela fica bem guardada e é acessada sempre que se faz necessário. Muito
raramente vamos encontrar pessoas com verdadeiros problemas de memória.
O
que encontramos com maior facilidade é a “falta de concentração”. Esse é o mal
do nosso tempo. Estamos desaprendendo a registrar informações por estarmos
aprendendo a não focar nossa vida e nossos propósitos. Fazendo muitas coisas ao
mesmo tempo e não permanecendo com a mente e o corpo no mesmo local e situação,
as informações não são registradas e quando tentamos acessá-las, elas não estão
ao nosso alcance. Especialmente com a nova doença manifestada na utilização dos
aparelhos manuais de comunicação, dificilmente alguém olha para seu
interlocutor enquanto o ouve, pois está respondendo a algum chamado das “redes
sociais”.
Algumas
dicas práticas são importantes para iniciar um reaprendizado no processo de
concentração. Passarei algumas e começo agora com a “Prontidão para ouvir”.
Prontidão
para ouvir
“A natureza deu-nos dois ouvidos, dois olhos e uma língua,
observa Zenão, velho filósofo grego, para que pudéssemos ouvir e ver mais do
que falar”. E um filósofo chinês fez a seguinte colocação: “O bom ouvinte
colhe, enquanto aquele que fala semeia”. Seja como for, até a bem pouco tempo
dava-se pouca atenção à capacidade de ouvir. A ênfase exagerada dirigida à
habilidade de expressão levou a maioria das pessoas a subestimar a importância
da capacidade de ouvir, em suas atividades diárias de comunicação.
Um renomado psicólogo disse que
deveríamos olhar para cada pessoa como se a mesma tivesse um cartaz pendurado
em redor do pescoço onde se lê: “Quero sentir-me importante”. Ninguém gosta de
ser tratado como menos importante. E todos querem ainda que esta importância
seja reconhecida, a própria experiência nos ensina que as pessoas, ao serem
tratadas como tais sentem-se felizes e procuram realizar e produzir mais. E
quem se observa escutado sente-se gratificado.
Durante cinco anos, o departamento de
instrução para adultos das escolas públicas de Minneapolis, ofereceu diversos
cursos com o objetivo de melhorar a maneira de falar e um para melhorar a
maneira de escutar, de ser um bom ouvinte. Os primeiros estavam sempre cheios,
tal era a procura. O segundo não chegou a funcionar por falta de candidatos.
Todos desejavam aprender a falar, mas ninguém queria aprender a ouvir.
O ouvir é algo muito mais complicado do
que o processo físico da audição ou de escutar. A audição se dá através do ouvido,
enquanto que o ouvir implica num processo intelectual e emocional que integra
dados físicos, emocionais e intelectuais na busca de significados e de
compreensão. O ouvir eficaz ocorre quando o receptor é capaz de discernir e
compreender o significado da mensagem do emissor. O objetivo da comunicação só
assim é atingido.
Levantamento recente indica que, em média, a
pessoa emprega 9% do tempo, escrevendo; 16% do tempo, lendo; 30% do tempo,
falando e 45% do tempo, escutando. Ouve-se 4 ou 5 vezes mais depressa do que se
fala, as pessoas falam provavelmente à razão de 90 a 120 palavras por minuto e
ouvem à razão de 450 a 600 palavras por minuto. Quer dizer, há um tempo
diferencial entre a velocidade do pensamento para poder pensar, refletir sobre
o conteúdo e buscar o seu significado.
Autores há que oferecem diversos
princípios para aprimorar as habilidades essenciais para saber ouvir:
1.
Procure ter um objetivo ao ouvir.
2.
Suspenda qualquer julgamento
inicial.
3.
Procure focalizar o interlocutor,
resistindo a toda espécie de distrações.
4.
Procure repetir aquilo que o
interlocutor está dizendo.
5.
Espere antes de responder.
6.
Procure recolocar com palavras
próprias o conteúdo e o sentimento do interlocutor.
7.
Procure atingir os pontos centrais
do que houve através das palavras.
8.
Use o tempo diferencial para
pensar e responder.
Sempre vejo anunciados cursos de oratória.Nunca vi anunciado curso de escutatória.Todo mundo quer aprender a falar........
ResponderExcluirNinguém quer aprender a ouvir (Rubens Alves) . Belo retorno,parabéns
Olá Vicélia! É isso aí. A inversão é geral no mundo novo. Obrigado pelo comentário.
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