domingo, 24 de abril de 2011

A Boa Física da Vida... (datiranje - medicinethat)

Em 1807, Thomas Young, um cientista inglês, estava estudando sobre a tensão e deformação de barras metálicas. Esse tipo de estudo sempre foi objeto de pesquisa dos cientistas, haja vista que, até hoje existe grande atenção voltada para as descobertas das características dos materiais.

Como as necessidades não param de surgir, as descobertas precisam caminhar paralelamente ao futuro. E já naquela época T.Y. foi o primeiro a utilizar o termo RESILIÊNCIA, palavra que conceitua uma característica física que certos materiais possuem. Vejamos.

Resiliência é a capacidade que alguns materiais têm de acumular energia quando exigidos ou submetidos a estresse sem ocorrer ruptura. Após a tensão cessar poderá ou não haver uma deformação residual causada pela histerese material - como um elástico ou uma vara de salto em altura, que se verga até certo limite sem se quebrar e depois retorna à forma original dissipando a energia acumulada e lançando o atleta para o alto. “Resiliência para a física é, portanto, a capacidade de um material voltar ao seu estado normal depois de ter sofrido tensão.”

A palavra HISTERESE, vem do grego antigo, que a traduz como RETARDO, é a tendência de um material ou sistema de conservar suas propriedades na ausência de um estímulo que as gerou. Você já deve ter sentido o efeito histerese quando dirige. Quando estamos em certa velocidade e de repente tiramos o pé do acelerador, percebemos que o ponteiro do velocímetro indica uma velocidade maior do que ela é na realidade. Isto significa que o ponteiro do velocímetro, ao caminhar no sentido decrescente de velocidade, indica uma velocidade maior que a real e você fica comparando quando você está acelerando ou em regime de velocidade constante: parece que quando aceleramos, os mesmos 80 km/h são maiores. Ela é o atraso de um fenômeno físico com relação a outro. Prima-irmã da Inércia.

Realmente a física é maravilhosa, ela é uma das minhas paixões, especialmente a elétrica. Porém, utilizei-me dessas memórias com o objetivo de rever os termos técnicos da física que são emprestados para outras áreas como a biologia, medicina, psicologia.

“Resiliência e Histerese.” Acreditando que esses termos já são íntimos para nós, podemos fazer uma menção à conversão desses termos para a aplicação em nossas vidas.

Recebemos tensão (pressão) de vários ambientes das nossas vidas; profissional, afetiva, espiritual, familiar. Algumas delas – as tensões - se apresentam para nós de tal maneira que achamos que não iremos suportá-las. Pensamos, às vezes, que até conseguiremos suportá-las, mas tememos pelo estado que ficaremos ao término da peleja. Nosso bom nível de autopropulsão é fundamental para que consigamos agir como a “vara de salto”.

Recebemos a pressão, mas tão logo ela desaparece, voltamos ao nosso estado padrão, principalmente sem rupturas. Relembrando Sartre, Jean-Paul Charles Aymard Sartre, escritor e filósofo francês (1905-1980), que escreveu: “Não importa o que fizeram com você e sim o que você fez com o que fizeram com você”. Estamos numa época onde “Depressão” tem sido sinônimo de “Baixa Resistência à Pressão”.

No atendimento diário percebemos que quase todos se dizem, ou foi dito para eles, que estão deprimidos. O que se percebe, verdadeiramente, é que o indivíduo está sobrevivendo a um momento, breve ou não, de tensão e sua pressão interna está menor que a externa. Como se fosse um pneu com pouco ar em seu interior. Olhando para o pneu, parece que a pressão atmosférica está muito forte sobre ele, fica aquela aparência fracassada, murcha. Porém, o que está acontecendo é que ele está fora dos padrões para os quais foi gerado, está sem a devida pressão interior.

Enchendo o pneu com a quantidade de ar – pressão – indicada pelo fabricante, veremos que ele aparenta estar cheio de vida e que a pressão atmosférica não existe para ele. Ele está cumprindo com a missão a qual se propôs. Onde há vida, há pressão, tensão.

Quando nos propomos a trabalhar em um cargo, namorar, dividir o apartamento com um amigo, viajarmos juntos, qualquer proposta de vida, não importa, estamos nos propondo a lidar com pressões variadas e constantes.

Na missão transcendental do convívio humano chamamos de “dificuldade” o aparecimento de pressões. Resta-nos avaliar, assim como o pneu, se o que nos atormenta é grande demais ou se nós é que estamos em condição de inferioridade perante o desafio, ou ainda, operando fora dos padrões do nosso “fabricante” (leia-se: formação psicoemocional).

Seria bom se conseguíssemos reagir às tensões impostas sobre nós como uma mola, quanto mais nos comprimem, mais nos expandimos. Quando não estamos conseguindo reagir dessa forma, fica claro que nos falta um conteúdo real, verdadeiro, para que possamos praticar a autopropulsão. Na falta desse conteúdo encontramos a fadiga mental, irritabilidade, nervosismo, fobias infundadas, cansaço da vida, dentre vários outros queixumes.

Penso que, um bom nutriente para essa tal de Resiliência seria calibrar nossas medidas internas de pressão, e no caso de baixa pressão procurar pelo “Manual do Fabricante”, fazer um recall  (leia-se: ajuda terapêutica/filosófica), com a proposta interior de adequar-se ao aprimoramento... olha aí a pressão de novo. Resiliência ou Histerese???

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