sábado, 23 de abril de 2011

Conceito Ar... (begleiter - μουσική - datovania)

É comum que façamos julgamentos, constantemente, pois precisamos avaliar nossas habilidades para a sobrevivência emocional. Inconscientemente, avaliamos nosso grau de aceitabilidade provocando algumas disputas e testes com os nossos mais próximos. Quando recebemos um retorno que achamos não ser o correto, ficamos sentimentalmente feridos.

Esses julgamentos são todos baseados em princípios que nos foram apresentados e por nós aceitos, gerando o nosso referencial, eles formam nossa escala de valores. Utilizamo-nos dela para fazer nossas avaliações cotidianas. “Fulano é bom para mim... Beltrano não é boa pessoa... e Ciclano não fede nem cheira... Aquele é belo, já aquele outro é muito feio.”

Dessa maneira entendemos, ou não, as pessoas e coisas à nossa volta. Se entendemos, aprovamos tudo e ficamos alegres. Caso contrário ficamos triste e, normalmente, condenamos ao erro. Na possibilidade de não entendimento chamamos aquilo ou ele de maluco, uma maneira disfarçada de dizer que a situação foge à nossa compreensão. Desta maneira vamos conduzindo nosso nível emocional entre as opções, alegre ou triste, erro ou acerto.

Acontece que temos a terrível tendência humana a rejeitar o novo, o aprendizado, um modo quase desumano de manifestar nossa preguiça à evolução. Uns preferem aprender rapidamente para não ter que sobreviver aos fatores constrangedores da incapacidade, já outros, somente depois de muito atrito com a vida conseguem perceber que se faz necessária a mudança, em tempo quase impróprio para o Mudar.

O processo de julgamento é delicado, por isso doloroso. Bom seria se conseguíssemos nos isentar dele. Os sábios orientais aconselham a passarmos pela vida sem feri-la, permitindo que as coisas e pessoas sejam como são. Chegamos aqui e a encontramos dessa maneira. A vida tem também seus valores e precisam ser respeitados, mesmo que não os entendamos. Que tal deixá-la agir por si só?! A única opção de mudança que temos é a de mudar a nós mesmo, contudo, isso não significa que não estaremos interferindo no processo natural da vida, porém de uma maneira natural, sem atritos.

Achamos agradável quando alguém respeita nossa fé, nosso time, nossa culinária, nosso vestuário, nossa profissão. Posso pensar que o outro também se sentiria assim, caso meu comportamento assim o fosse também. O trágico de tudo isso é que, quando não conseguimos nos movimentar em nosso ângulo de observação, produzimos dor. Dor em via de mão dupla, ativa e passiva. Começamos a atritar com o “outro” e não percebemos que para haver atrito será preciso dois corpos, no mínimo, sendo que um deles é o meu. Essa visão confirma a máxima: “Somente eu posso me fazer infeliz.”

Na linguagem psicossomática (psique=mente + somato=corpo) da MTC – medicina tradicional chinesa-, entendemos que o limite do corpo é a pele, ela é nossa “cerca”. Dela para dentro sou eu, dela para fora, o mundo. Havendo atrito, minha “cerca” sofrerá danos que serão apresentados por problemas na pele. Diz também a MTC que a pele é comandada pelo pulmão, órgão singular nessa teoria, e que ele é responsável “pela troca do impuro pelo puro”. Fica claro então o conceito psicossomático do pulmão ser a “casa” das mágoas e tristezas.

Creio que se conseguirmos movimentar, constantemente, nosso ângulo de observador, entenderemos que os muitos problemas de pele que surgem atualmente não estão vinculados somente à qualidade do ar que respiramos, outrossim, à qualidade do nosso atrito.


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