Lembrando-me de umas duas ou três décadas passadas, a imagem da datilógrafa, profissão desconhecida pelos indivíduos mais recentemente aportados no planeta.
Aquelas profissionais trabalhavam exaustivamente em suas pesadas maquinas, com teclas rústicas, “carrinho” duro e alavancas sem lubrificação. A carga horária mínima era de seis horas. Somente quem se utilizou dessas maquinas pode se lembrar do que era fazer um gráfico ou uma tabela, sem falar que não existia o “copiar-colar”. Errar... nem pensar!
O interessante é que seus membros superiores não apresentavam tantas mazelas como encontramos atualmente nos usuários de teclados digitais, macios e leves. Uma percepção importante é que elas se esmeravam na postura física. Havia uma orientação para que seus joelhos e coluna lombar mantivessem um ângulo de 90 graus. Quem se recordar da imagem delas, poderá perceber a elegância que mantinham.
Na atualidade conhecem a LER (lesão por esforço repetitivo) como a causadora dessas mazelas. Eu creio na LEER (lesão por esforço erroneamente repetitivo). Durante toda nossa vida fazemos vários movimentos repetitivos e que, se estiverem dentro da ergonomia correta, não gerarão nenhum tipo de desconforto. Podemos pensar nos atos de andar, falar, comer, dentre outros vários. Eles só causarão problemas se forem praticados incorretamente.
Comer por toda a vida não gera LER, salvo se houver uma má oclusão dentária. Andar por toda a vida não causa LER, exceto quando não se utiliza um calçado adequado para os tipos de solos e de pés.
Tenho aconselhado, na clínica diária, a mudança postural e identificado a melhora de alguns casos e a solução de vários outros. A altura do teclado, da tela e o tipo de cadeira são fundamentais para que haja harmonia no conjunto de esforço. O posicionamento correto da coluna cervical é o segredo para as síndromes carpianas, epicondilites e tendinites nos MMSS.
Na verdade, não custa nada dar uma imitadinha nas saudosas datilografas, e ainda pode errar à vontade... salve o corretor ortográfico.
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