O mundo atual tem oferecido inúmeras oportunidades para que nos tornemos pedras do nosso próprio caminho. A velocidade imprimida no cotidiano inibe nossa capacidade de pensamento e julgamento, levando-nos para uma desenfreada corrida com destino ao nada. A paisagem desse caminho é destorcida pela ansiedade alimentadora desse moto-contínuo. Um movimento de traçado perpétuo nos coloca em ritmo alucinante que nos cega, ao ponto de provocarmos nossa própria aniquilação.
O caminho é importante, mas ele já existia antes da nossa partida. Isso torna fundamental a caminhada, a forma pela qual passaremos pelo caminho. Caso optemos pela caminhada desastrosa, toda a necessidade geradora da partida perderá sua lógica. Um caminhar desvencilhado da evolução pessoal, somente com o objetivo do enriquecimento material, culmina no empobrecimento da alma.
Passar pela vida acumulando valores materiais e desvitalizando-se nas relações pessoais, permite que no final da caminhada todos os bens conquistados sejam dilapidados pela doença e pela solidão. No exemplo de afastar-se da família para sustentar a família, percebe-se o peso que ela significa, contrário ao seu sentido maior, a união. Desejar compreender a troca do apartamento por duas safenas, é o mesmo que não compreender a borboleta abandonando o casulo.
Nunca saberemos se o tempo será compatível com o tamanho do caminho, muito menos se o caminho tem final. A única possibilidade é a de se deixar levar pelo caminhar, fazendo do tropel a canção que embala a alegria de viver. A simplicidade do desejo é que o faz nobre.
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