domingo, 31 de março de 2013

Tristeza não tem fim... (sadness - tristesse - Traurigkeit)

Antônio Carlos Jobim, Tom Jobim para nós brasileiros, deixou-nos grandes palavras, versos e prosas. Certa vez, em um período muito ruim do nosso país, perguntaram-lhe qual seria a saída para o Brasil, ao que ele respondeu:

“ -A melhor saída para o Brasil é o Galeão!”

Felizmente, não vivemos mais esses dias, e a idéia aqui não é lembrar da política, mas sim da saúde.

Relembro uma outra frase onde ele disse:

“Tristeza não tem fim, felicidade sim.”

É sobre esses dois sentimentos que quero salientar algumas experiências que percebo na lida com o meu mais próximo.

Recordo-me de em uma conversa com um mestre onde ele dizia que devíamos sair de casa com alegria, otimismo. Ele percebia que saíamos de casa derrotados, esperando pelo pior. Já íamos para a rua programando que o pneu iria furar, seriamos assaltados, esbarrariam em nosso carro, o guarda da esquina iria nos multar por qualquer motivo. Ele não estava errado. Ele orientava que deveríamos sair com pensamentos de leveza, prosperidade, sorte... Felicidade.

Dizia que devíamos ir para nosso caminho pensando que acharíamos dinheiro na rua, que receberíamos uma grande proposta de trabalho ou de amor, que seríamos convidados para excelentes palestras, que sonharíamos com os números da sorte. Ele cria piamente no poder do nosso pensamento.

Um outro companheiro que estava também o ouvindo fez o seguinte questionamento: “-Mas isso não seria uma auto sugestão, uma maneira de enganarmos a nós mesmos... apenas uma forma de ludibriar a realidade?!”

Após seu tradicional sorriso, que somente hoje eu compreendo, ele respondeu:
“-...e a outra maneira negativa é diferente?! Já que se propôs a se enganar, engane-se da melhor maneira!”

Algumas linhas de pensamento oriental dizem que a realidade não existe por si só, ela é apenas uma manifestação da nossa vontade, e ao lermos isso, de imediato, não concordamos que a tristeza (ou felicidade) é uma opção individual. Podemos ficar tensos, nervosos, chateados, encabulados, mas após digerirmos o fato devemos voltar imediatamente para nosso estado mental padrão, de preferência a felicidade.

Nesses anos de atendimento intenso e diário, em contato com várias culturas, tenho notado que as pessoas que alimentam a tristeza adoecem mais e demoram mais para se curarem, se é que conseguem a cura. Já as pessoas que mantêm a felicidade como tônica de vida, adoecem menos e recuperam rapidamente do mal que as afligia.

Percebo também que a tristeza ou a felicidade não estão ligadas ao gênero, condição socioeconômica, faixa etária ou qualquer outro tipo de rótulo. Percebo que esses sentimentos são pessoais e intransferíveis, ferindo até mesmo um padrão familiar, algo próximo de uma opção inconsciente.

Há quem pense que os problemas por ele enfrentados não são motivos para determinar seu sentimento fundamental de convívio. Eles crêem que mesmo sem dinheiro, mal alojados no amor ou com o pé inchado, eles podem “espernear” sem abrir mão de serem felizes. Costumam rir até do próprio “tombo”.

No entanto, outros não conseguem encontrar um momento na vida onde possam estar em contato com a felicidade. É como se fosse um bem inatingível, uma fantasia macabra. Algumas vezes sentem-se mal por entenderem que estão sendo bobos, idiotas, perante um momento de felicidade. Esses optam mesmo é pela distância com esse sentimento.

Diariamente encontramos “pobres” felizes e “ricos” tristes. Quando nos deparamos com alguns deficientes físicos dando show de convívio afetivo, ficamos até um pouco envergonhados com as limitações por nós impostas.

Há alguns anos tive a oportunidade de estudar sobre o “Alfabeto Emocional” uma teoria criada pelo Dr. Juan Hitzig, professor de biogerontologia, que analisou as características de longevos saudáveis e concluiu que além das características biológicas, o denominador comum entre todos eles está em suas condutas e atitudes. Vou apresentar panoramicamente sua descoberta.

Alfabeto emocional

“Cada pensamento gera uma emoção e cada emoção mobiliza um circuito hormonal que terá impacto nos trilhões de células que formam um organismo” – explica:

As condutas “S”:

serenidade, silêncio, sabedoria, sabor, sexo, sono, sorriso,

promovem secreção de Serotonina, o hormônio do prazer.


…enquanto que as condutas “R”:

ressentimento, raiva, rancor, repressão, resistências,

facilitam a secreção de CoRtisol, um hormônio coRRosivo para as células, que acelera o envelhecimento.

As condutas “S” geram atitudes “A”:

ânimo, amor, apreço, amizade, aproximação.

As condutas “R” pelo contrário geram atitudes “D”:

depressão, desânimo, desespero, desolação.

Aprendendo este alfabeto emocional, lograremos viver mais tempo e melhor, porque o “sangue ruim” (muito cortisol e pouca serotonina) deteriora a saúde, oportuniza as doenças e acelera o envelhecimento. O bom humor, pelo contrário, é a chave para a longevidade saudável.”

Voltando para nossa conversa posso afirmar, na prática, que essa teoria é válida. A medicina tradicional chinesa, avaliando as emoções, determina até em que parte do corpo (membros ou órgãos) o Qi Xie - agente patogênico externo – vai se manifestar. Sabendo como o corpo (leia-se: sistema neuro-hormonal) reage às emoções, é possível determinar qual Zang-Fu (Órgão) será agredido, ou ainda no sentido inverso, determinar a origem emocional da desarmonia (doença), diagnóstico energético.

Desta maneira, impera a máxima do filósofo taoísta Chuang Tsu (2500a.c.).

“As pessoas não te aborrecem, magoam ou humilham. Você é quem se sente aborrecido, magoado ou humilhado, devido ao seu auto conhecimento e o conhecimento das leis da vida.”

Sendo assim, acredito que sorrir ainda é o melhor remédio!

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