terça-feira, 5 de junho de 2012

Recheio de Vento... (revenue - solitude - soledad)



Um indivíduo passa pela vida procurando por algo que, com certeza, sabem onde está e mesmo assim não cessa o frenético movimento. O fiel medo, o quase pavor, de se encontrar consigo mesmo o leva para caminhos onde só tem espelhos. A renúncia de si mesmo apresenta para esse perdido caminhante o “grande círculo”.

Girando em torno do próprio eixo não quer perceber que, embora a paisagem mude, ela foi composta pelo próprio ato de “marionetear” o caminho escolhido, mas as encruzilhadas são sempre as mesmas. Não adianta fechar os olhos, pois seus sons e aromas se repetem.

Já senhor do seu silêncio, não quer ouvir mais ninguém e finge ter optado pela solidão, mas ela não é opção, pelo menos enquanto ele estiver vivendo num planeta habitado. Viaja para várias cidades, países, enfim se mantendo no “grande círculo”. Procura encontrar-se com a beleza, mas não sabe que a beleza na solidão é um beijo na boca da opressão afetiva. Nada pode ser belo o suficiente ao ponto de renegarmos o outro, o referencial.

Sente isso, mas não se permite ser visitado na intimidade da alma, ou seja, dialogar com o amor. Não se permite amar, tão pouco ser amado. Amar no sentido “uno”, incondicionalmente, disposto a abrir seu coração para uma aventura com o outro. Tudo isso pelo medo de que o outro não lhe seja tão reflexo. Estar com o outro e aceitá-lo com uma outra verdade, outra fé e outras “mumunhas” é demais para um pobre coração, distônica alma.

Dessa maneira, esse indivíduo começa a rechear seus pastéis com vento, pois ficam bem gordinhos e belos. O perigo está em permitir que alguém morda seus pastéis. A falta de um recheio palpável torna intolerável a proximidade de um outro ser... Vai que ele morde o pastel.

Concentrar em si mesmo permanecendo consciente de que és o eixo da própria sorte, se livrando da paixão pela solidão sem perder o prazer de estar vez em quando sozinho, é a maneira mais feliz e prazerosa para rechear o bom pastel.  Ironicamente, toda mentira que contamos só é aceita por nós mesmos.

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