sexta-feira, 4 de julho de 2014

Brainless... (anxiety - mania - labdarúgás)

A excessiva quantidade de informações advinda dos chamados tempos modernos tem alvejado os indivíduos de tal forma, que não lhes é permitido o tempo de reflexão. Elas – as informações – chegam com tamanha velocidade que não dá tempo para permitir a análise detalhada de vários fatores que poderiam renomeá-las para o status de desinformação.

É sabido que a prática da reflexão sempre se deu pela relação com os mais experientes, os mais velhos, mais vividos, normalmente dentro dos lares. Esse mesmo bombardeio de informações afastou o indivíduo dos contatos mais preciosos para sua formação mental e filosófica, seus mais velhos, os gurus do tempo vivido.

Por não praticarem a reflexão, a análise, os Brainless queimam seus grossos currículos ao abrirem a boca e reproduzirem conceitos destruidores da sua própria imagem, desferindo absurdos que fecharão as portas que tanto tentam atravessar. As informações captadas não são avaliadas, averiguadas e, imediatamente, repassam-nas com o intuito de serem os pioneiros da novidade. Pior, crêem que aquilo é produto da equação da verdade.

O não assistir a um telejornal, apenas um, deixa a sensação que o mundo não mais o aceitará. Ligar o computador sem correr os olhos num portal de noticias faz com que o dia flua com uma pequena taquicardia. Sair sem o seu aparelho de telefonia móvel, o celular, é um pecado, aterroriza, enlouquece, invalida o ser humano que por ali perambula.

Batizo esses alguns indivíduos, não poucos, de Brainless. Conectaram-se a tudo, mas perderam a conexão interior, quebraram a antena interna. Aquele crivo que separa a banalização do cérebro ao crescimento humano. Fica a suave sensação que o cérebro tomou a função de mero separador de orelhas.

Creio que esse é o endereço da ansiedade essencial. É exatamente aí que emerge toda a fraqueza do indivíduo, ao suspeitar que sem o celular, seus milhares de “amigos” não estão por perto, ele está fora da “rede”. (rede ou teia?!) Ele suspeita que está sozinho, como se não o estivesse por toda a vida. Vivendo desse modo não consegue compreender onde errou seus passos, invalidando a possibilidade de correção da rota.

Por não se descobrir, questionar, investigar ele acaba por não conhecer a si mesmo e se sente fraco, sem recursos. Porém, em momento algum esses recursos foram suas metas. Agindo assim não é possível entender a causalidade da vida, eternizando os fenômenos vividos simplesmente pela casualidade. Viver sob as regras da casualidade deve ser, realmente, apavorador. “A vida é causal e não casual”, vale o autor.

Pensando não ter como atuar sobre a própria vida, já que seu tempo é casual, surge a intempestiva sensação de impotência, matéria prima fundamental para a ansiedade. Até que se perceba que a as regras de sobrevivência são causais, inversamente ao que se pensava antes, intolerado e intolerante precisará de drogas que o alienem, sejam elas lícitas ou ilícitas. Não faltará quem as forneçam.

Paira a sensação que o tempo corre na mesma velocidade das informações e inicia-se um período de correrias, nada mais dá tempo. Surgem agora as manias, superstições, crenças, tiques, TOC’s... é se viciar no vício alienador, pois ele é a babá dos que não souberam se criar.

Claro que, as causas dessa ansiedade não são as informações, nem somente elas, mas a casual maneira de sobrevivência contemporânea. O grande período de convívio alucinante e tresloucado com as “telinhas” roubou a possibilidade do namoro com outra tela, mais antiga, porém ainda válida e necessária, o “espelho”.

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