A principal determinante da nossa dimensão é o Tempo, assim eu penso. Por mais que tentemos nos livrar do Tempo é ele quem vai angustiar nossos bens memoriais e memoráveis.
Diz a vida que tudo tem um prazo de validade, alguns mais longos, outros nem tanto. A própria vida encarquilha em nossa face seus termos de validade, emoldura em nossa voz a destreza da sua entrega e tatua em nossos gestos o Tempo desacelerado da partida.
Por mais patente que pareça, a ida é para quem se foi, vale lembrar. Para outra dimensão, cidade, país, continente, não importa o destino, mas só não deve estar aqui aquele que se foi. Quem não foi é porque ainda vai ficar aqui, até seu prazo vencer.
O aqui é seu país, sua cidade, dimensão, coração, o aqui é onde você quiser ou precisar. Mesmo que tudo isso se confunda com a trivialidade, algumas pessoas teimam em agir aqui com a empáfia de quem não está mais aqui.
Por que teimamos em invalidar nosso prazo se o prazo vencido é o do outro?! Novamente a Ida sendo confundida com a Perda, mesmo que em bela rima, não são primas. Perdemos somente o que possuímos e só possuímos quando estamos em desalinho com a natureza do universo que, por si só, já diz: UNI+ VERSO, a coesão do único verso. Nós somos possuídos pelo universo, contrariando nossa certeza de que somos sempre possuidores. Mais um ato da peça "Contém x Contido".
A obra que deve ficar parada (ou terminada) aqui é a de quem se foi. Quem ficou, suspeita-se, que deve terminar sua obra. Se não houve perda, foi somente ida, e dessa forma haverá um reencontro. Não seria desejável que a meta de quem ficou ficasse sem término, sendo que quem ficou não se foi.
Sem dúvida, essa linha de pensamento taoística, quase metapsíquica, é uma forma mental requintada para nos informar que, se ficamos é porque devemos dar seqüência em nossa vida, aguardando o retorno ou o reencontro do que ou de quem se foi. Mas... Sempre em ação.
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