O jornal “O GLOBO” publicou essa reportagem no dia 20/07/2012, a qual achei interessante e a apresento na íntegra.
Cirurgia de retirada de próstata não salva vidas de homens nos primeiros estágios da doença
RIO - Um novo estudo mostra que a cirurgia de câncer de próstata, que frequentemente causa impotência ou incontinência urinária, aparentemente não salva vidas de homens nos primeiros estágios da doença. Em muitos casos, estes homens poderiam não ter tido tratamento algum. As descobertas são baseadas no maior estudo já feito comparando a cirurgia de retirada da próstata com outra estratégia, a de monitoramento. Os pesquisadores acrescentam que a preocupação crescente com a detecção do câncer de próstata e os esforços de tratamento nos últimos 25 anos, particularmente nos EUA, têm sido equivocados, tornando milhões de homens impotentes, incontinentes e com medo de uma doença que sequer poderia matá-los. Cerca de cem mil a 120 mil cirurgias de retirada da próstata são feitas por ano nos EUA.
— Este estudo chama atenção para o fato de que há muitos casos de câncer de próstata diagnosticados que não são perigosos — diz o professor de urologia da Universidade da Califórnia, Leonard Marks, que não fez parte do estudo.
A pesquisa, publicada esta semana no “The New England Journal of Medicine” reabre o debate sobre as melhores formas de tratamento para homens com câncer de próstata. Um editorial que acompanha o relatório afirma que o estudo com 731 homens, embora importante, é muito pequeno para desenhar conclusões definitivas sobre os benefícios relativos da retirada da próstata. Além disso, um número ligeiramente maior de homens que não foram submetidos à cirurgia desenvolveram metástases ósseas ao longo do estudo, que durou 15 anos. Não houve diferenças estatísticas nos riscos de morte pela doença ou alguma causa entre homens aleatoriamente escolhidos para a cirurgia ou para o grupo de observação. Houve também uma sugestão de que os homens com pontuação muito alta em um teste de rastreio do tumor de próstata fossem mais propensos a se beneficiar da cirurgia.
O estudo incluiu apenas homens nos primeiros estágios da doença, sendo que metade tinha descoberto a doença através do teste de PSA, um exame que mede o nível de antígeno específico da próstata no sangue. Cerca de 81% dos homens estavam no início da doença ou tinham um tumor localizado. Segundo o diretor do centro de pesquisa e tratamento de câncer do Centro de Ciência e Saúde da Universidade do Texas, em San Antonio , as descobertas não são relevantes para homens nos estágios mais avançados da doença.
— O objetivo é focar nossos testes em pacientes que tendem a ter tumores mais agressivos e cujo tratamento parece fazer diferença. A maioria dos tumores descobertos não precisavam ter sido encontrados — diz Thompson, autor do editorial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário