terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Perseverança... (dreams - drømmer - sanje)

Época de férias, muitas viagens e passeios.
Atravessando lugarejos, cidades, condados, conhecendo novas pessoas e suas culturas, vamos encontrando coisas, situações, onde nos pegamos interrogando a nós mesmos sobre seus autores. Construções muito interessantes que estão vingando por séculos. Maquinas muito bem pensadas e que fizeram com que a humanidade existisse até aqui. Hábitos de vida que denotam grande sabedoria na condução da existência e sobrevivência humana. Quase que por reflexo, nos perguntamos quem foi o idealizador daquilo tudo. “Idealizador”... sim, aquele que teve a “idéia” e um “ideal”.

A idéia é a pratica do sonho. É a capacidade de execução dos que sonharam e resolveram satisfazer esse sonho. É bem verdade que todos nós sonhamos, porém apenas alguns, desenvolvem a capacidade de praticar o seu sonho, de passar à limpo uma idéia. Assim agem os inventores, criadores, descobridores e, ao encontramo-nos com suas obras podemos nos sentir pequenos frente a tudo aquilo.

Ouvimos sempre, no início de um ano, pessoas dizendo que: “Tudo será diferente esse ano”, ou ainda, “Nesse ano vou realizar isso e aquilo”. É uma data que realmente sugere novas atitudes e mudanças. Acontece que antes mesmo da páscoa, ao reencontramos essas pessoas, percebemos que aqueles sonhos e promessas pessoais já se foram, com apenas 2 ou 3 meses cursados do novo ano a repetição já se faz presente. Assim passa o novo ano, tornando-se velho ano, e nada de real aconteceu, ficando somente as tradicionais frustrações decembrinas.

Não acredito que a cultura oriental seja “a ultima Coca-Cola do deserto”, mas creio que podemos aprender muito com uma cultura tão antiga, experimentada. Eles, os orientais, vêem a vida como um plano de agricultura onde precisamos passar por etapas antes da colheita. Dentre várias filosofias orientais, existe uma que fala de um ciclo de nove anos para chegarmos à colheita.

Eles fazem uma alusão entre o plantio e a vida cotidiana.

No 1º ano prepara-se a terra;
No 2º ano a terra é arada;
No 3º ano deita-se a semente;
No 4º ano aduba-se a terra;
No 5º ano a terra é regada;
No 6º ano nascem os brotos;
No 7º ano os brotos transformam-se em árvores;
No 8º ano surgem os frutos;
No 9º ano acontece a colheita.

A imperiosa cultura norte-americana nos fez uma lavagem cerebral impedindo que entendêssemos mais sobre a essência humana, levando-nos para um derrotador imediatismo. Não mais conseguimos esperar o parto sequer, é preciso intervenções tecnológicas. A partir daí esperar mais o que?

O homem inicia uma empresa e se ela não der lucro no 3º mês ele a fecha. Duas pessoas resolvem tornarem-se unas, e se a relação não estiver ótima em um ano, é melhor considerar a separação. Um curso com 6 anos de duração... j a m a i s! E por aí vamos nós.

Existe uma palavra que expressa muito e que traduz esse texto: PERSEVERANÇA. Os orientais têm o habito de “montar” palavras, talvez pela necessidade de unir Kanjis para que consigam a expressão desejada. Perseverança é soma da palavra RESISTÊNCIA com a palavra PACIÊNCIA. Perseverança é a capacidade de seguir um objetivo até que ele seja alcançado.

Certa vez, conversando com um mestre oriental (Coreano), após várias perguntas sobre a boa condução da vida, ele declinou-me o seguinte:

“-Vocês ocidentais tem duas posturas que não lhes são favoráveis. A primeira é que são muito superficialistas nas coisas profundas e bastante profundos em coisas superficiais. A segunda coisa é que vivem (cometem atos) como se fossem imortais e pensam como se fossem mortais. Não seria o inverso?!”

Não será possível sermos felizes se estipularmos prazos curtos para nossas realizações, assim como, se não iniciarmos a prática da ação, a idealização dos sonhos Quem sabe o “ciclo de nove” caia sob medida para nossas composições da realidade?!


Vale lembrar que a medida exata da sua felicidade está diretamente proporcional à sua capacidade de sonhar e executar... com perseverança, em prosa. Já em verso, Perseverança é perseguir com esperança.

Que valha o ano!

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