segunda-feira, 13 de maio de 2013

Mamãe adora... (childhood - enfance - barndom)


A Natureza é profundamente sabia e todos dizem saber disso, alguns até concordam. É comum ouvirmos esse tipo de afirmação sobre o comportamento da Natureza. Uns preferem chamar assim, já outros optam em batizar como “A Mão do Criador”. Podemos relatar milhares de procedimentos praticados pela Natureza onde, sem exceção, ela demonstra o que acumulou em sabedoria nesses milhares de milhões de anos, agindo sempre acertadamente.

Em especial, quero salientar, nesse texto, um comportamento que vem sendo alvo de muitas críticas por suas vítimas e que confronta essa tal Sabedoria Natural. Refiro-me aos períodos férteis da mulher, com o homem não é diferente, mas focarei na fertilidade feminina por acreditar ser ela a maior prejudicada nesse exemplo.

Ela, a mulher, nasce sem a capacidade de reproduzir até determinada idade. Passa por um período bastante fértil e vai perdendo a fertilidade até que volte a não ser fértil novamente. O período de fertilidade está amparado na idade, pois a Natureza, sabiamente, compreende que cuidar das Crias é extremante desgastante, portanto é preciso juventude para lidar habilmente com todas as facetas infantis.

Creio que seja comum para todos nós a idéia de que o passar dos anos limita nossas faculdades físicas e mentais, e é exatamente por este motivo que a Natureza, escolhendo pela raça, determina uma idade para que as mulheres não possam mais procriar.

Sendo assim, as mulheres, bravamente, enfrentam seu destino materno gerando e criando seus rebentos, zelando pela educação, cultura, saúde, religião, dentre outras tantas tarefas assumidas por elas. As mamães, incansavelmente, abnegam-se e derramam toda dedicação, paciência e benevolência sobre seus filhos com o objetivo de os verem “adultos”, para que elas possam retomar suas vidas parcialmente paralisadas desde antes da gestação. - Ledo engano.

O incrível é que alguns filhos não conseguem chegar à idade adulta, mesmo depois de graduados, mestrados, casados. Eles continuam levando para suas cansadas criadeiras todos os seus problemas, provocando muita preocupação e uma enorme sensação de impotência em suas amas. Esses filhos geram nas suas queridas mamães, noites insones, problemas de saúde e outros tipos de desgastes comuns aos que amam incondicionalmente. Esses indivíduos, “adultos”, não conseguem praticar a gratidão com alguém que soube renegar a própria vida só para vê-los caminharem sozinhos. Eles precisam transferir toda sua incompetência, não podendo guardar para si os resultados dos seus atos.

Na clínica diária, cumprindo a função de ouvidor, encontramos com essas dignas senhoras, depauperadas, depois de um domingo onde toda a família foi almoçar com elas. Filhos, genros, noras, netos, bisnetos, agregados, amigos próximos e cachorro, todos são convidados para “curtir” o domingo com a mamãe.
- Quem curtiu?!

Elas se queixam que não conseguem dizer o que sentem, com receio de serem mal entendidas pelas noras ou até mesmo pelos filhos. Ficam cansadas de tanto barulho, movimentação, desordem em seus móveis e decorações. No final do dia se despedem, tomam seus carros, e as senhoras ficam tomando remédios para controle da pressão arterial, para dormir, para acalmar, fazendo arrumação e faxina, enfim. Bom é quando isso acontece somente aos domingos.

Elas não conseguem compreender (nem eu) o motivo pelo qual seus filhos casam e levam os netos para elas criarem. Embora amem profundamente seus netos, elas não têm mais estrutura física para carregar, dar banhos, levar e buscar na escola. Não conseguem também conviver com os sons e movimentação gerados por seres com a idade repleta de energia. Quando se quebra algo que foi presenteado na data do casamento da vovó, há 40 anos ou mais, aí o sofrimento é pior.

Elas acham que já cumpriram com sua missão ao criarem os próprios filhos...
- Enganadinhas, né?!

Percebendo tanta concordância com a Natureza, ao mesmo tempo em que, a incoerência dos atos subjuga qualquer raciocínio, fica fácil entender o que está acontecendo no nosso orbe.

- Que bom seria levá-las para passear. Ora... a Natureza já não as tirou da fertilidade por não terem mais condições de criarem novos rebentos?!

O relato. Seja esse o meu presente para o dia das mães.

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