sábado, 2 de julho de 2011

Motivando a Ilusão... (motivation - motivasjon - κίνητρο)

Acredito que todo indivíduo teve pelo menos um momento em sua vida em que teve vontade de “jogar a toalha”, desistir, seja em sua vida profissional, familiar, empresarial, acadêmica. É como se os joelhos não suportassem mais o peso do corpo, da vida. Os ombros se curvam e a visão fica turva, parece não haver mais saída.

Por causa dessa sensação os empresários procuram palestras motivacionais, as pessoas procuram terapias, as famílias passam a procurar por conselheiros, e desta forma todos vão à procura da “ilusão perdida.”

Chamo de “ilusão” porque percebo que a questão motivacional passa dentro desse caminho, na prática diária. Quando vamos ser contratados por um empresário, percebemos o desespero em sua fala, solicitando o auxílio derradeiro. “-Minha equipe está desmotivada. Faça uma palestra para motivá-los.” Percebe-se que ele espera um passe de mágica, uma palestra com frases e palavras que irão “iludir” toda a sua empresa.

Na verdade, existem profissionais com alto poder de persuasão. Eles vão até sua empresa e proferem uma palestra onde todos saem profundamente tocados, emocionados com o que ouviram. No dia seguinte sua empresa funciona como um relógio, perfeita. Acontece que na semana seguinte tudo começa a voltar lentamente para o estágio anterior. Perde-se o investimento, pois toda ilusão é passageira.

Na clínica terapêutica diária não é diferente. Pessoas procuram uma drágea que renovará o amor, o tesão, a vontade de continuar fazendo par com o outro. Alguns profissionais prescrevem essas drágeas, elas são recheadas de ilusão. Essa emoção é renovada e dura por, aproximadamente, um a dois meses. Depois a ilusão passa e será preciso encarar a situação como ela é, sem drágeas.

Pais procuram conselheiros para identificarem o que está acontecendo em suas famílias. Eles querem saber a cura para o comportamento dos filhos, pedem conselhos que os iludam, que os leve a pensar que as falhas na criação serão apagadas com meia dúzia de palavras emitidas pelo conselheiro. Não entendem porque seus filhos possuem tantos certificados, falam em tantos idiomas e não conseguem se engajar em nada. Nenhuma empresa os aceita.

O bom e velho latim nos fala de MOTIVUS, palavra relativa ao movimento, coisa móvel. Portanto, motivação pode ser traduzida, mais simplesmente, pelos fatores que fazem o indivíduo se mover. Motivação advém de Motivus e isso é lógica, coisa real e não ilusão.

Não vamos conseguir motivar um colaborador de uma empresa onde seu superior hierárquico não tem a menor educação para comandar. Ele grita, humilha, xinga, rosna, faz cara feia. Não vamos conseguir motivar uma esposa à libido se seu par deita-se com uma enorme variedade de aromas desagradáveis. Não vamos conseguir motivar um filho a determinadas ações que ele nunca percebeu em seus criadores, ele foi criado dentro de um ambiente contrário ao que se cobra dele. Querer que um profissional seja eficiente e eficaz quando nem ele mesmo sabe por que se formou nessa matéria, é querer demais.

Motivar é dar lógica, COERÊNCIA a uma empresa, vida ou pessoa. A maneira mais simples de fazer isso é ouvir a “voz interna”, fazer somente o que sua alma pede, na escolha da profissão, do parceiro, do cargo. Queremos mudar tudo, menos a nós mesmos.

Como motivar um colaborador se a empresa na qual ele trabalha não cumpre com suas funções e obrigações sociais, empregatícias, humanísticas?!
Como levantar a chama da paixão em seu parceiro se você não lhe oferece motivos, traços lógicos, para querer estar com você?!
Como cobrar de seus filhos uma ação descente se ele nunca sofreu essa ação no seio familiar?!

Quando sentimos vontade de “jogar a toalha” é preciso parar, dar um tempo. Talvez você esteja estressado, cansado e necessite fazer uma reflexão após um período de relaxamento. Rever o que levou você a esse exato momento em que os ombros arquearam. Faça isso sem auto piedade e com vontade de mover-se, de mudar. Em verdade, vejo que:

Se você quer que algo diferente aconteça em sua vida, você terá que fazer algo diferente.

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